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Mostrando postagens de outubro, 2023

SONZA, EICHMANN E ARENDT

(publicada inicialmente no Jornal Estado de São Paulo no dia 03/10/23) Recentemente a cantora Luísa Sonza postou uma foto com o livro   Eichmann em Jerusalém , da pensadora Hanna Arendt. Quase imediatamente houve um furor nas redes sociais. Vínculos entre uma recente fala racista da cantora e alguns textos de Arendt supostamente favoráveis à segregação racial nos Estados Unidos foram jogados aos holofotes. Daí ressuscitaram um texto em que a filósofa, ou cientista política, como parecia preferir, foi chamada de supremacista branca. Também resgataram o perdão que ela havia dado ao filósofo Heidegger (seu amante e nazista de carteirinha) para desqualificar todo o pensamento dela. Os fãs de Arendt correram ao seu socorro, a meu ver, sem sucesso. Alegaram que Hanna, sendo judia e repudiando o nazismo, jamais poderia ser racista, que após defender a segregação havia escrito cartas se justificando e se desculpando pela falta da compreensão correta do movimento pelos direitos civis estadu

Gatilho

“New car, caviar, four-star daydream.  Think I'll buy me a football team” [1] Não, este texto não é sobre armas de fogo. Gatilho é daquelas palavras que podem ter múltiplos significados. Sim, gatilho está associado a disparo, e é claro que pode ser o disparo de uma arma de fogo (revolver, pistola, fuzil etc). Mas hoje quero falar dos chamados gatilhos emocionais. Vamos lá, a neurociência explica que gatilhos emocionais são estímulos externos que disparam a liberação de diversos neurotransmissores induzindo uma resposta fisiológica intensa. Os gatilhos podem ativar áreas específicas do cérebro estimulando emoções como medo, ansiedade, prazer entre outras. Por exemplo, um cheiro pode despertar memórias “adormecidas” de um momento bacana que você passou com alguém em uma viagem, mas também pode fazer recordar de um velório de uma pessoa muito amada. Para mim a palavra gatilho, no sentido emocional, apareceu tardiamente, e veio através de algumas palestras sobre marketing que ass

Hipátia de Alexandria: Uma ficção histórica

No século IV, a cidade egípcia fundada por Alexandre Magno quase 700 anos antes, abrigava um exuberante farol e era detentora da maior biblioteca da antiguidade. Nessa cidade nasceu uma menina que no futuro iria ter um brilho tamanho e visto de longe como o farol, e com tanta sabedoria como uma biblioteca. Seu nome? Hipátia. Filha de Theon, que era muito mais do que um homem comum, viveu ungida pela matemática, filosofia e astronomia que seu pai professava. Além disso Theon foi um dos últimos guardiões do sagrado Museu de Alexandria. Influenciada por seu progenitor, Hipátia escolheu trilhar os mesmos caminhos em busca do conhecimento que iluminava o mundo antigo. Hipátia de Alexandria (Foto: Reprodução/A. Seifert/Wikimedia Commons) No aconchego da Academia de Alexandria, ela se entregou à vastidão do saber, explorando os segredos das disciplinas e ciências de seu pai, mas também era hábil na beleza da poesia, na magia das artes e muito na matemática. Posteriormente, ela atravessou