Fonte: acervo pessoal do autor Eu caminhava por Pompeia absorto na narrativa da catástrofe . A erupção do Vesúvio impunha-se como chave de leitura de tudo: as ruas interrompidas, os corpos moldados no vazio, a cidade fixada no instante do fim. Pensava em como aquela interrupção violenta teria atravessado a vida cotidiana — o almoço abandonado, a porta não fechada, o gesto que não chegou ao fim. Pompeia, assim percebida, era antes de tudo uma cidade morta , preservada menos por cuidado do que por desastre. Foi então que, em meio ao percurso, cheguei à Casa della Fontana Grande , na Via di Mercurio. E ali, a lógica do fim perdeu força. A fonte não falava de ruína, mas de permanência. Diante dela, a cidade deixou de ser o cenário congelado de uma tragédia para recuperar algo anterior à cinza e à poeira da história: uma cidade viva , organizada em torno do prazer, do olhar, da água que corre. O ninfeu, datado do século I d.C., ocupa o fundo da casa como um ponto de convergência si...
Parresia era o termo grego dado ao cidadão que tinha a concessão de atuar debatendo e discursando na Ágora. Era concedida somente aos homens (♂️), livres, nascidos em Atenas e raramente concedida a não atenienses. Depois Platão e outros filósofos, entre eles Foucault, foram ressignificando a palavra. Como não sou filósofo, uso aqui o requerer a parresia e trazer sempre "a minha verdade". Foucault diria que sabíamos que alguém a exercia se riscos estivessem envolvidos para essa pessoa.